Não tenhas medo de confessar que me sugaste o sangue E engravataste chagas no meu corpo E me tiraste o mar do peixe e o sal do mar E a água pura e a terra boa E levantaste a cruz contra os meus deuses E me calasse nas palavras que eu pensava.
Não tenhas medo, amigo, que te não odeio. Foi essa a minha história e a tua história. E eu sobrevivi Para construir estradas e cidades a teu lado E inventar fábricas e Ciência, Que o mundo não pode ser feito só por ti.
Galgou a margem e foi caminhando O sol transformava tudo em brasas O crocodilo perdia as suas forças e ia ficar ali, assado Nesta altura passou por ele um rapazinho
O crocodilo abria a boca e passava a língua pela serra dos seus dentes: - Este rapazinho deve ser saboroso - Não sejais ingrato - diz-lhe ele mesmo. - A fome tem seus direitos.
- Trair um amigo é indigno. E este é o primeiro que tens. - O rapazinho fez-te o que era preciso, salvou-te. Agora procura alimento. O crocodilo sorriu e disse ao jovem:
- Não posso dar-te nada, mas se um dia atravessar o mar, vem ter comigo... - O meu sonho grande é ver o que há por esse mar a fora. - Sonho? Sabes, eu também sonho...
Logo, o rapaz retornou - O meu sonho não passou e eu não aguento mais cá dentro. -O prometido é devido... Queres, agora mesmo, ir por esse mar afora? - Isso, só isso, Crocodilo. - Vamos então.
O rapazinho acomodou-se no dorso do crocodilo e partiram Era tudo tão grande e lindo! Viam ilhas de todos os tamanhos de onde as árvores e as montanhas lhe acenavam.
Navegaram até o crocodilo se cansar. - Não posso mais! O meu sonho acabou... - O meu não vai acabar. O crocodilo aumentou de tamanho, mas sem nunca perder a sua forma primitiva, e transformou-se numa ilha carregada de montes, de florestas e de rios.